Fantasmas do Passado
"Monstros são reais e fantasmas são reais também. Vivem dentro de nós e, às vezes, vencem". (Stephen king)
Fantasmas, segundo a lenda,
são espectros ou vultos que assombram, principalmente, em lugares
desabitados ou em prédios antigos onde viveram e morreram muitas
pessoas. No entanto, além desta real possibilidade, existem fantasmas
que também assombram indivíduos psiquicamente perturbados: são os
"fantasmas de carne e osso".
Sem sentido pejorativo, mas
figurativo, os fantasmas de carne e osso também existem. E muito mais
do que imaginamos. São, geralmente, os nossos pais biológicos ou
substitutos que foram responsáveis pela nossa educação.
Como são
as figuras referenciais mais importantes da vida do indivíduo, elas são
determinantes na forma de como lidamos com a afetividade. Pai e mãe
arredios ao afeto e refratários ao carinho, criam filhos carentes e
inseguros em suas relações afetivas. Pai e mãe permissivos ou
excessivamente disciplinadores, criam filhos sem parâmetros ou rebeldes e
violentos.
Portanto, quando os desequilíbrios psíquicos limitam o
indivíduo adulto na sua interação social e profissional, comprometendo o
seu crescimento integral, é porque os fantasmas de carne e osso estão
agindo em seu inconsciente através de traumas do passado transformados
em psicopatologias.
Neste sentido, a severidade e a negligência
na educação, que são combinações geradoras do desamor, estabelecem
marcas psíquicas responsáveis por níveis de sofrimento futuro, quando
surgem os adultos violentos, inseguros, deprimidos, confusos ou
dependentes afetivos.
A experiência psicoterapêutica nos informa
que os fantasmas do passado permanecem internalizados no inconsciente,
assombrando aqueles que passaram por experiências psíquicamente
traumáticas nas relações parentais durante a infância.
Em muitos
casos, os fantasmas de carne e osso vem assombrando desde gerações
passadas até chegarem à geração atual, que recebe o mesmo impacto
psíquico -via educação- que receberam os seus pais dos avós, numa
direção retroativa ao tempo que pode atingir várias gerações da mesma
família.
O conhecimento dos mecanismos inconscientes que geram os
desequilíbrios psíquicos, é o objetivo de quem decidiu não ser mais
assombrado pelos fantasmas do passado, a começar por aqueles de carne e
osso. Adquirir a percepção de momento em relação ao que deve ser
alterado em seu comportamento, é a função da psicoterapia que busca no
inconsciente do indivíduo, a causa do efeito transformado em dor ou sofrimento.
Quando
nos sentimos bloqueados diante da vida, é momento de procurar ajuda
psicoterapêutica para que possamos remover os obstáculos que interferem
no fluxo saudável da caminhada vital.
Sentir-se não ser merecedor
da felicidade possível no sentido das realizações pessoais e afetivas, é
sinônimo de autoboicote que tem as suas origens -via sentimentos
negativos- na infância. Situação que pode perdurar por tempo
indeterminado, levando o indivíduo à sensação de fracasso, o que pode
tornar-se uma fixação por toda a vida.
A psicoterapia atua no
sentido de possibilitar o processo de "libertação" dos fantasmas do
passado que assombram porque permanecem internalizados no psiquismo do
indivíduo em desarmonia vital.
O autoconhecimento, além de
proporcionar um melhor nível de lucidez e discernimento sobre o que
devemos alterar em nós mesmos, contribui para que o perdão relacionado
às figuras referenciais seja desprovido de sentimentos antagônicos,
contrários a uma atitude consciente.
Quando, através do
autoconhecimento, o ser inteligente encontra a saída do labirinto da
inconsciência, ele desperta para a luz da consciência, que é senhor e
guia de si mesmo pelos caminhos da existência.
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