terça-feira, 12 de novembro de 2013

Agora a Mitologia Chinesa - Pan Ku e Nü Wa

A mitologia chinesa aborda diversos temas, na sua forma oral ou escrita, estando a  criação do mundo entre eles. A maioria dos historiadores acredita que foi no inicio do ano de 1100 a.C que se deu inicio a mitologia chinesa,  inicialmente na forma oral, e bem depois na forma escrita.

A base da mitologia chinesa é milenar, porém baseia-se fundamentalmente em elementos oriundo da três principais religiões chinesas: o Taoísmo, o Confucionismo e o Budismo. A mistura dos elementos deste tripé religioso torna suas lendas e mitos complexos para nós que não estamos familiarizados com a civilização chinesa e suas sutilezas.

Grande parte dos mitos chineses conhecidos vem, principalmente, de três textos chaves: Shan Hai Jing, Pergaminho da Montanha e do Mar, que descreve os mitos, a magia, a religião e a geografia da China antiga, sendo uma das primeiras enciclopédias da China; Shui Jing Zhu, Comentário sobre o Pergaminho da Água, tratando de forma aprofundada e rica sobre a geografia, história e as lendas chinesas; e Hei’an Zhuan, Épico da Escuridão, trata-se de uma coleção de poesia épica sobre as lendas, preservada pelos habitantes montanheses de Hubei.

A literatura chinesa sobre as lendas da criação possui versões diferentes para o mesmo evento, talvez pela mistura religiosa presente. Neste texto vamos trabalhar a versão mais difundida, tanto sobre a criação do mundo como da criação do homem: a história de Pan Ku (criação do mundo) e Nü Wa (criação do homem). 

 

No principio não havia nada. Apenas caos e escuridão. Todo o universo era um imenso ovo negro, e dentro dele estavam Yin e Yang, opostos que coexistem mantendo um delicado equilíbrio. Dentro deste ovo havia, também, um terceiro elemento: um espírito desenvolvendo-se em total silencio. Era Pan Ku, que crescia junto com o ovo, tornando-se gigantesco.

Por dezoito mil anos o ovo flutuou, chocando os três elementos que estavam em seu interior. Depois deste tempo, Pan Ku despertou e viu-se cercado da mais densa escuridão. Enfurecido pela ausência de luz, agitou-se dentro do ovo, pulando e gritando. Com um golpe vigoroso de machado ele rompeu o ovo, separando o Yin e o Yang, dando inicio a criação do mundo e quebrando a escuridão total.

O mais pesado e turvo, Yang, desprendeu-se e afundou, transformando-se em terra. Yin, mais leve e etéreo subiu, formando o céu. Entre eles ficou Pan Ku, tocando o céu com a cabeça e a terra com seus pés, evitando que se juntassem novamente, trazendo a escuridão de volta. .

 

Pan Ku persistiu, mantendo Yin e Yang separados, até que um dia percebeu que não havia mais escuridão e sim o azul do céu e o marrom da terra. Tranqüilo, deitou-se e morreu. Seu corpo brilhou e começou a transformar-se: o olho esquerdo virou o sol, iluminando tudo ao redor; o direito voou para o oeste do céu e virou a lua, trazendo luz para a noite; seu hálito tornou-se o vento, que refresca; o trovão veio de sua voz grave. Seu corpo imenso deu origem às altas montanhas e aos demais relevos do mundo; seu sangue denso formou os rios e os mares; seus cabelos e pelos  voaram pelo ar e deram origem as florestas, aos arbustos e as flores, colorindo a terra. De seus dentes e ossos surgiram as rochas e os minerais valiosos, como o diamante e as pérolas; seu suor virou a chuva, mantendo a terra úmida; seus músculos as terras férteis; e dos seres que habitavam seu corpo, como pulgas e bactérias, surgiram os animais.

Assim surgiu a terra e dela nasceu a deusa Nü Wa, que criou o homem.

Certo dia a deusa caminhava pelos campos e observou as montanhas distantes, as florestas e os animais correndo pelas planícies. Tudo era lindo, porém ela sentia-se estranhamente triste, percebendo sua solidão. As montanhas, as aves e os animais não a entendiam, fazendo com que percebesse que precisava de seres iguais a ela para cessar sua solidão.

Com esta ideia formada, pegou lama da beira do rio e moldou, formando uma pequena figura, semelhante ao seu reflexo na água: mãos, pés e face parecidos. Ao pousar a figura no chão, ela ganhou vida, o que deixou Nü Wa extremamente feliz. Não estava mais sozinha. Empolgada com o sucesso de sua primeira tentativa se pôs a modelar mais e mais figuras, de ambos os sexos, as quais chamou de humanos. Falavam a língua da deusa, com quem conversaram, agradeceram e depois se espalharam.

 

Nü Wa continuou a modelar humanos, porém o mundo era extenso demais e nunca deixava de parecer vazio. Já cansada, pegou uma pinha e a molhou com lama, depois jogou com força no chão. As gotas de lama caídas transformaram-se em humanos. Desse modo a deusa conseguiu produzir um numero mais rápido de humanos, repetindo o processo milhares de vezes, até se dar por satisfeita com a quantidade de humanos produzidos.

Depois de um período onde repousou, a deusa resolveu verificar como andavam se saindo os humanos e começou a andar pelo mundo. Surpresa notou que alguns humanos estavam caídos no chão, com os cabelos brancos e sem vida. Preocupada, constatou que aqueles eram os primeiros que havia criado. Percebeu que se quisesse ver o mundo povoado teria que produzir humanos indefinidamente, ou arranjar outra solução para seu problema.

Após ter uma ideia que resolveria em definitivo o problema, foi até o templo de Pan Ku. Lá pediu permissão para ser a casamenteira dos humanos, recebendo permissão para a missão. Nü Wa, então, determinou que homens e mulheres reproduzissem entre si, para formar descendência e manter a terra povoada. A deusa foi a criadora dos homens e do casamento.

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